O mercado acionário continua atraindo o interesse dos brasileiros, mesmo em um cenário de incertezas econômicas e volatilidade acentuada. A B3 já reúne mais de 6,3 milhões de investidores, número que confirma a expansão da renda variável no país, apesar da Selic elevada e da competição com produtos de renda fixa que oferecem retornos imediatos e previsíveis.
O avanço do investimento em ações, no entanto, não elimina os riscos. Para quem inicia ou busca consolidar estratégias, alguns erros recorrentes comprometem decisões e reduzem o potencial de ganhos. Em períodos de oscilação mais intensa, como os verificados ao longo dos últimos meses, essas falhas se tornam ainda mais evidentes e podem levar a perdas que seriam evitáveis com planejamento e disciplina.
Falta de uma estratégia definida
A ausência de objetivos claros segue como um dos maiores problemas entre investidores iniciantes. Muitas aplicações são feitas sem estudo prévio, baseadas unicamente em dicas informais, comentários de redes sociais ou impactos imediatos de notícias. Quando o mercado oscila com força, esse comportamento tende a gerar ansiedade e movimentações impulsivas, diminuindo a qualidade do portfólio e aumentando o risco de erros sucessivos.
Construir uma estratégia envolve definir prazo, metas e critérios objetivos para comprar ou vender. Essa organização funciona como um filtro contra decisões emocionais, especialmente em momentos de grande volatilidade.
Carteiras pouco diversificadas
Concentrar recursos em poucos ativos ou setores amplia consideravelmente os riscos. A dependência de um único segmento faz com que oscilações macroeconômicas ou mudanças regulatórias impactem toda a carteira ao mesmo tempo. Quando isso ocorre, o investidor fica vulnerável a perdas abruptas.
A diversificação atua como amortecedor. Ao combinar empresas de setores distintos, ativos internacionais, renda fixa e fundos variados, o investidor reduz a exposição e suaviza movimentos negativos. Não se trata de eliminar riscos, mas de equilibrá-los para construir um desempenho mais consistente.
Desconsiderar o próprio perfil de risco
Um erro frequente acontece quando o investidor ignora sua tolerância emocional e financeira a perdas. Perfis conservadores tendem a sofrer mais com quedas acentuadas e, muitas vezes, liquidam posições no pior momento. Exemplo disso pode ser observado em ações de varejo como MGLU3, que registraram forte volatilidade em períodos curtos, exigindo resiliência que nem todos conseguem sustentar.
Identificar o próprio perfil é essencial para evitar frustrações. Aqueles que têm baixa tolerância ao risco podem priorizar empresas mais consolidadas, setores defensivos e combinar renda variável com títulos estáveis. Essa adequação transforma o investimento em um processo mais sustentável.
Tentar prever movimentos de curto prazo
A busca por prever topos e fundos do mercado é uma armadilha clássica. A dinâmica da bolsa é influenciada por fatores externos, indicadores econômicos, relatórios corporativos e eventos globais que se alteram de forma rápida. A tentativa de antecipar exatamente quando comprar ou vender geralmente gera decisões precipitadas e operações desnecessárias.
Estratégias fundamentadas tendem a se mostrar mais efetivas. Observação de balanços, margens, endividamento, potencial de crescimento e competição no setor criam uma base sólida para decisões. Com isso, o investidor reduz a interferência de ruídos momentâneos e constrói um portfólio mais robusto.
Desatenção aos custos e à evolução das empresas
Operar ações sempre envolve custos, sejam taxas de corretagem, tributos sobre lucro, custos de transferência ou tarifas relacionadas a determinados produtos. Investidores que operam com alta frequência costumam sentir esse impacto de forma mais intensa, reduzindo o ganho líquido.
Além dos custos, a falta de acompanhamento periódico é outro ponto crítico. Empresas passam por ciclos, reestruturações, mudanças regulatórias e variações na demanda. Ignorar relatórios trimestrais, avisos ao mercado ou revisões de projeções pode deixar o investidor desatento a alterações importantes no desempenho do ativo.
Criar uma rotina de monitoramento e comparar custos entre plataformas permite identificar ajustes e tomar decisões mais embasadas. Essa disciplina ajuda a manter o portfólio alinhado aos objetivos e reduz surpresas negativas.
